Uma espera de 27 anos chegou ao fim para torcida do Mossoró Esporte Clube. A equipe que conquistou o título da segunda divisão do Campeonato Potiguar voltará a figurar na divisão de elite do nosso futebol. O projeto vencedor traz de novo a cena uma figura muito querida nos bastidores do esporte, João Dehon, que anos antes havia comandado o Baraúnas, clube que por sinal decidiu a vaga na primeira divisão contra o clube que surgiu para acabar a polarização entre o Leão e o Potiguar.
Dentro desse longo tempo fora dos holofotes do público norte-rio-grandense, já que a única vez que teve a oportunidade de atuar na primeira divisão foi em 1996, o clube alternou em atividades, passando ter vida intensa há onze anos, quando foi adquirido pelo engenheiro e ex-presidente do Baraúnas, João Dehon da Rocha.
Sob nova direção, o primeiro foco foi na construção de um campo de treinamento básico e depois nas atividades do futebol da base e também na formação de elenco profissional para disputar o campeonato de acesso.
Nos últimos anos, o “Carcará” (Mossoró) vinha perseguindo o acesso, “batendo na trave” em algumas edições da Segundona e, neste ano, a espera acabou. Com investimento maior no elenco e um planejamento sólido, a equipe atingiu o resultado tão esperado pela diretoria e torcedores.
“A luta é grande, o futebol é 24 horas todos os dias. Um trabalho de anos, paramos na pandemia não participando de um campeonato, a fim de levantar uma estrutura mínima para que pudesse chegar ao ponto que chegamos hoje”, disse João Dehon.
O projeto possuía uma dose extra de ousadia, mas ano a ano o clube foi superando algumas etapas importantes atrás de reviver um grande sonho. O projeto não para por aí, podemos considerar que o acesso é apenas mais um estágio daquilo que está por vir. A meta é fazer do Mossoró campeão potiguar, aproveitando uma garotada formada dentro da própria casa.
“Esse sonho vinha sendo perseguido há um tempo. O Mossoró vinha seguindo uma estrada de trabalhar corretamente e aproveitar um grupo que é da cidade, trazendo as pessoas certas para esse momento tão histórico”, festejou o diretor de futebol, Edinho Cardoso.
Assim que encerrou o jogo, o técnico Allan Frederico não conseguiu segurar as lágrimas, pelo fato de ver o projeto traçado há alguns anos, apresentar os primeiros resultados práticos. “Isso é emoção porque o futebol nos desafia, não é fácil de se fazer, então estou muito feliz por viver o que estou vivendo. Deus nos contemplou com essa conquista”, disse Frederico, enaltecendo a qualidade do grupo. “Podemos abrir os braços e dizer que nós trabalhamos dentro de uma honestidade, com caráter; sequer um dia duvidamos um do outro, formamos aqui uma família, por isso fomos campeões”.
O título do acesso veio de forma antecipada, sem precisar da última rodada. Isso porque o Mossoró chegou aos 21 pontos, o limite de pontuação a que o Baraúnas poderia chegar, mas o Carcará leva vantagem no critério de desempate – confronto direto –, tendo superado o tricolor em dois momentos nessa competição.
Depois do jogo contra o Baraúnas, os atletas, membros da comissão técnica e torcedores do Mossoró EC comemoraram a conquista, reconhecendo de forma unânime o grande trabalho realizado por João Dehon.
Os atletas sempre que eram chamados para entrevistas, enalteciam o comandante do clube, mostrando o carinho e o respeito que todos dentro do Mossoró nutrem pelo presidente, que foi obrigado a colocar o coração de torcedor do Baraúnas na geladeira em prol do novo projeto esportivo. Dehon foi presidente e campeão pelo Baraúnas em três ocasiões – título estadual de 2006 e duas Copas RN em 2004 e 2007. No entanto, ao adquirir o Mossoró e gerir o futebol do time, passou a nutrir uma certa paixão pelo Carcará. “Não precisava ser em cima do Baraúnas, mas o destino quis assim”, disse ele quando indagado qual o sentimento de vencer o time do coração em um momento decisivo como foi o de domingo, dia 12 de novembro, quando o seu time bateu o tricolor mossoroense por 2×0, com gols de Anderson Santana e Michel.
Sobre o futuro, Dehon afirmou que o Mossoró não irá para o campeonato da elite para fazer número, mas sim para brigar por coisas grandes. “O MEC não irá só para participar, a gente vai para cima já no próximo ano, esse é o pensamento. Se depender da minha cabeça, a gente vai longe; é o que está programado”, ressaltou.
postagem do jornal TRIBUNA DO NORTE
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