Três jogos, duas vitórias, uma derrota
e um gol, além de uma nova gaiola e o carinho de um fã que estava
hospitalizado. Este é o saldo da passagem do anjo das pernas tortas pelo Rio
Grande do Norte, que teve a honra de receber as três partidas de exibição de
Garrincha entre as décadas de 1960 e 1970. Neste domingo, completam-se 30 anos
de sua morte, mas as lembranças das duas vezes em que esteve em Natal e da
ocasião em que foi a Currais Novos, distante 170 quilômetros da capital,
permanecem na memória de milhares de potiguares. Os jogos eram divulgados como
beneficentes, mas, segundo a crônica esportiva local, o valor cobrado era
apenas para pagar o cachê do gênio da bola, o que não afastou a torcida dos
estádios. Muito pelo contrário. Na sua primeira exibição, no dia 4 de fevereiro
de 1968, defendendo a camisa do Alecrim Futebol Clube, 6.000 pagantes lotaram
o, até então, único estádio da cidade: o Juvenal Lamartine. O Verdão potiguar
entrou em campo com Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando,
João Paulo, Garrincha (Zezé), Icário; Capiba (Tarciso) e Burunga. A partida
contra o Sport terminou com a vitória dos visitantes por 1 a 0, com gol de
Duda. Mas para quem estava lá, como o ex-jogador Ribamar Cavalvante, o placar
foi o menos importante. Todos ali estavam conscientes de que era um grande
craque em final de carreira. Mas, de qualquer maneira, era uma atração. O
estádio recebeu um público excepcional. Tratava-se de um ídolo do futebol
brasileiro, e nós estávamos diante dele - revela com saudosismo o
“Enciclopédico”, que na época tinha 23 anos e também esteve presente na segunda
passagem do ídolo por sua terra. Neste mesmo dia, Mané Garrincha mostrou aos
norte-rio-grandenses que não era bom só de drible. Ele ficou sabendo ainda no
campo que havia um fã potiguar que não pôde ir ao estádio. O jornalista e
pesquisador Everaldo Lopes lembra que o craque fez questão de visitá-lo. Depois
do jogo ele soube que tinha esse paciente bastante doente em uma casa de saúde
da cidade e foi até lá visitar o fã, que tinha o sonho de conhecê-lo. Apesar do
futebol meio apagado, ele colhia frutos por conta do prestígio, que aumentou
após esse episódio - declarou Everaldo.
A partida até hoje é motivo de orgulho
para os torcedores alecrinenses. Há dois anos, a diretoria do clube lançou uma
camisa retrô com o número 7 e o nome de Garrincha.
Excursão rubro-negra
Um ano após chegar ao Flamengo, o camisa 7 participou de uma excursão do clube carioca à região Nordeste do país, em 1969. A cidade de Natal foi uma das capitais contempladas e, na sua segunda partida no Juvenal Lamartine, Mané marcou um dos gols na vitória por 2 a 1 sobre o ABC. Dionísio anotou o primeiro dos visitantes, e Beto descontou para os donos da casa. Ribamar lembra que as condições físicas do seu ídolo estavam ainda mais debilitadas do que no ano anterior, mas ainda assim ele fez com que a torcida vibrasse com algumas investidas e as famosas paradinhas. Aquelas arrancadas com paradinhas, dribles de corpo levaram a torcida ao delírio. Eu não perdi nenhuma das duas partidas. E o que mais me chamou atenção era que aquele público presente foi no sacrifício só para ver Garrincha. Muitos trabalhadores suaram bastante para pagar aquele ingresso - comenta o ex-jogador, que, aos 67 anos, ainda tem as fotos do ídolo nas partidas.
'Marcha' para o interior
Em nenhuma das partidas, Garrincha chegou a jogar os 90 minutos. Todos os jogos foram transmitidos pelas rádios locais, para alento daqueles que não tiveram condição de ir ao estádio. Mas para quem morava no interior do estado, a chance surgiu no dia 2 de setembro de 1973. O bola de ouro de 1962 seguia fazendo jogos promocionais Brasil afora. No estádio Coronel José Bezerra, a cidade de Currais Novos viu de perto as pernas tortas mais famosas do futebol mundial. Após uma passagem por Patos, na Paraíba, o empresário do ponta entrou em contato com a prefeitura de Currais Novos e organizou uma partida, que Mané jogaria pela seleção do município contra o Centenário de Parelhas. Em sua última aparição no Rio Grande do Norte, mais uma vitória a seu favor: 2 a 1. Foram dois gols de Nabor para o time curraisnovense e um de Canteiro para os parelhenses. O então repórter da Rádio Brejuí, João Jair Silva, viajou de Natal para entrevistar o homem que parou Currais Novos. Aos 63 anos, o professor aposentado lembra do alvoroço que foi o anúncio da presença do craque.
Excursão rubro-negra
Um ano após chegar ao Flamengo, o camisa 7 participou de uma excursão do clube carioca à região Nordeste do país, em 1969. A cidade de Natal foi uma das capitais contempladas e, na sua segunda partida no Juvenal Lamartine, Mané marcou um dos gols na vitória por 2 a 1 sobre o ABC. Dionísio anotou o primeiro dos visitantes, e Beto descontou para os donos da casa. Ribamar lembra que as condições físicas do seu ídolo estavam ainda mais debilitadas do que no ano anterior, mas ainda assim ele fez com que a torcida vibrasse com algumas investidas e as famosas paradinhas. Aquelas arrancadas com paradinhas, dribles de corpo levaram a torcida ao delírio. Eu não perdi nenhuma das duas partidas. E o que mais me chamou atenção era que aquele público presente foi no sacrifício só para ver Garrincha. Muitos trabalhadores suaram bastante para pagar aquele ingresso - comenta o ex-jogador, que, aos 67 anos, ainda tem as fotos do ídolo nas partidas.
'Marcha' para o interior
Em nenhuma das partidas, Garrincha chegou a jogar os 90 minutos. Todos os jogos foram transmitidos pelas rádios locais, para alento daqueles que não tiveram condição de ir ao estádio. Mas para quem morava no interior do estado, a chance surgiu no dia 2 de setembro de 1973. O bola de ouro de 1962 seguia fazendo jogos promocionais Brasil afora. No estádio Coronel José Bezerra, a cidade de Currais Novos viu de perto as pernas tortas mais famosas do futebol mundial. Após uma passagem por Patos, na Paraíba, o empresário do ponta entrou em contato com a prefeitura de Currais Novos e organizou uma partida, que Mané jogaria pela seleção do município contra o Centenário de Parelhas. Em sua última aparição no Rio Grande do Norte, mais uma vitória a seu favor: 2 a 1. Foram dois gols de Nabor para o time curraisnovense e um de Canteiro para os parelhenses. O então repórter da Rádio Brejuí, João Jair Silva, viajou de Natal para entrevistar o homem que parou Currais Novos. Aos 63 anos, o professor aposentado lembra do alvoroço que foi o anúncio da presença do craque.
A cidade ficou em polvorosa. Saiu em todas as rádios e jornais. Ele
chegou no dia da partida, um domingo de manhã, e ficou hospedado no Tungstênio
Hotel. Uma multidão cercava o prédio querendo vê-lo - afirmou João Jair ao
GLOBOESPORTE.COM. Garrincha, que tem esse apelido por causa de um passarinho,
chegou à cidade cheio de pássaros coletados nos lugares por onde passou. Todos
em uma única gaiola, que, de tão grande, não passava na porta do hotel. Foi
necessária a ajuda de um popular, que emprestou uma gaiola menor. Passado o
episódio, João Jair foi um dos poucos que teve acesso ao saguão do hotel para
entrevistar o camisa 7. Durante toda a manhã, conversaram sobre muita coisa, em
especial a Copa de 62. Antes do jogo começar, nova entrevista. Desta vez, a
pegunta foi sobre a satisfação de jogar diante daquelas 3.000 pessoas que
lotavam o estádio. Além de uma boa resposta, aquele momento rendeu uma foto que
já rodou o Brasil. Ele me disse que estava sentindo uma imensa alegria porque a
missão dele era alegrar o povo. Nesse dia inesquecível, pude notar que
Garrincha era uma pessoa inocente, não tinha maldade. Acredito que por isso ele
foi muito ludibriado na vida e não conseguiu garantir o próprio futuro - disse
o aposentado.
fonte: Por Matheus Magalhães Natal
fonte: Por Matheus Magalhães Natal
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